A nossa Missão

O Gabinete de Prevenção Visual e Reabilitação (gpVr) é especialmente vocacionado para o diagnóstico e reabilitação não-cirúrgica de perturbações da visão binocular e do equilíbrio oculomotor, quer na criança quer no adulto.

Dentro deste grupo encontram-se o estrabismo (desvio dos eixos visuais), as paralisias oculomotoras (primárias ou secundárias), os síndromes restritivos, o nistagmo e demais distúrbios da motilidade ocular, assim como todas as anomalias sensoriais decorrentes (alterações de fixação ou de correspondência sensorial, fenómenos de neutralização e ambliopias).

Em estrabismo, cada caso é um caso, e assim, implementamos programas individualizados de recuperação funcional que, passo a passo, restabeleçam ou reforcem as funções necessárias à união binocular.

Uma condição essencial é a presença de uma acuidade visual semelhante entre os dois olhos, e por essa razão, no gpVr realizamos também exames para correcção refractiva (optometria), prescrevendo óculos e adaptando lentes de contacto quando indispensável ao processo de reabilitação, garantindo assim que o sistema visual não se encontra condicionado em termos refractivos.

No gpVr promovemos o rastreio visual pediátrico logo a partir dos seis meses de idade, trabalhando em parceria com os médicos de família e os médicos pediatras. O rastreio visual pediátrico praticado no gpVr segue as directrizes do Protocolo de Rastreio Oftalmológico Infantil (ROI) da Sociedade Portuguesa de Oftalmologia e é realizado por Ortoptistas.

terça-feira, 6 de maio de 2014

Etapas do desenvolvimento visual, durante a gestação e após o nascimento


É frequente recebermos visitas de pais de crianças prematuras, preocupados porque o desenvolvimento visual do seu filho não parece estar a desenvolver-se de forma normal.

Sem dúvida que os bebés prematuros se desenvolvem a um ritmo diferente, pois o período da gestação é também um período importante de desenvolvimento sensorial, que nestes bebés é interrompido.

Um bebé com 9 meses de gestação tem todos os seus sentidos a funcionar do ponto de vista biológico (visão, audição, olfacto e paladar; tacto, vestibular e propriocepção). Contudo, através do contacto com esses estímulos é que o bebé vai aprender a reconhecer e organizar a informação que recebe.

. Sistema Visual

Durante a gestação, o desenvolvimento visual é o seguinte:

Por volta da 5ª semana formam-se a maioria dos orgãos, incluindo os olhos.
Na 10ª semana deixamos de ter um embrião e passamos a ter um ser humano (feto).
Até à 22ª semana a audição começa a desenvolver-se e o bebé já é sensível a sons e começa a movimentar-se cada vez mais. As suas pálpebras ainda estão fechadas.
Até à 26ª formam-se as pestanas. A partir da 27ª semana e até à 31ª o bebé já consegue abrir os olhos e olhar em redor.
Os pulmões amadurecem por volta da 29ª semana e à 31ª já produz o surfactante que permite ao bebé respirar de forma independente mas só por volta da 40ª semana estarão realmente preparados para essa função.
O sistema nervoso do bebé, o sistema imunológico e o cérebro estão agora completamente desenvolvidos.
Entre a 36ª e a 40ª semana a visão melhora progressivamente, estando os seus olhos sempre abertos enquanto está acordado.

Comparada com os outros sentidos descritos até agora, a visão ainda é muito
primitiva no nascimento.

Os olhos conseguem captar a luz mas as estruturas nervosas de condução dos estímulos visuais ainda estão imaturas. O bebé não acomoda e a sua acuidade visual é reduzida, cerca de 60x inferior à do adulto.

Ao 1º dia após o nascimento, observam-se reflexos pupilares normais, a fixação monocular e horizontal conjugada já existem e até ao 1º mês desenvolvem-se a percepção do contraste, a coordenação cabeça/olhos e estabelece-se um alinhamento ocular estável.

Entre o 2º e o 3º mês desenvolvem-se a fusão, a percepção do movimento ainda sem distinção da direcção, a convergência, a acomodação e a estereopsia.

Aos seis meses a percepção de profundidade, de cor, acuidade visual e controle do movimento dos olhos, já estão presentes, e já existe percepção do movimento com distinção da direcção.

Até aos 2 anos de idade é concluída a mielinização do nervo óptico.

Contudo não devemos esperar pelos 2 anos para confirmar suspeitas que tenhamos sobre a visão de uma criança.
É possível determinar aspectos importantes do desenvolvimento da visão da criança a partir dos 6 meses de idade.
Quando existe uma suspeita de alterações visuais, deve ser feita uma avaliação imediatamente, primeiro pelo pediatra e em caso de dúvidas, por um especialista.

Considera-se que a visão é o mediador entre todas as outras informações sensoriais, estabilizando a interacção da criança com o seu meio. Uma limitação no sentido da visão e na percepção dos objectos do ambiente afectará sensivelmente os esquemas de conduta nos primeiros meses de vida, visto que o comportamento da criança é motivado pela observação das pessoas que a rodeiam.


Alguns alertas para possíveis alterações no desenvolvimento visual:

Condutas como bater na própria cabeça, morder ou atirar brinquedos podem significar que a criança não sabe o que fazer com os objectos, por não conseguir obter essa informação através da observação visual e imitação.

A exploração do ambiente e o desenvolvimento da motricidade é altamente motivada pela curiosidade visual, dirigindo-se para objectos que lhe chamam a atenção.


Os outros sistemas

. Sistema táctil/proprioceptivo

O tacto é uma das habilidades mais avançadas do bebé ao nascer. É o primeiro sentido a surgir. Na realidade, no momento do nascimento este sentido já está totalmente desenvolvido, mas apenas com a experiência irá aprender a discriminar diferentes tipos de sensações tácteis e determinar a localização de uma estimulação táctil em seu corpo.

O tacto envolve quatro diferentes habilidades sensoriais: a habilidade de sentir o toque, ou seja, sentir que a pele está em contacto com outra pessoa ou objecto; de sentir diferentes temperaturas; a dor e a propriocepção, ou seja, a posição e o movimento do corpo. É a propriocepção que permite que uma pessoa saiba se os seus braços estão cruzados ou se suas pernas estão em movimento, mesmo de olhos fechados.

Os bebés nascem com um sistema vestibular altamente desenvolvido. É esse sistema que permite a percepção do movimento e do grau de equilíbrio do corpo. O sistema vestibular possui um papel fundamental nas habilidades de manter a postura da cabeça e do corpo e de mover as partes do corpo, especialmente os olhos.

Depois do tacto, a sensibilidade vestibular é a habilidade sensorial mais precoce. Com 10 semanas de gestação o feto torna-se responsivo à estimulação do movimento. Com 12 semanas começa a mexer os olhos, de forma reflexa em resposta a uma mudança na posição da cabeça. Um sistema vestibular maduro é o que permite ao feto orientar-se em relação à gravidade e a colocar-se na posição apropriada (com a cabeça para baixo) semanas ou dias antes do nascimento.

. Sistema olfactivo
A habilidade de sentir odores começa por volta da 28ª semana de gestação. Além disso, no terceiro trimestre de gestação, a placenta torna-se cada vez mais permeável, e o feto é capaz de sentir os cheiros que a mãe inala e exala.

. Sistema gustativo
O paladar, assim como o sistema vestibular, o táctil e o olfactivo, surge cedo no desenvolvimento, tornando-se funcional durante o terceiro trimestre de gestação.

. Sistema auditivo
Quando nascem, os bebés já possuem uma experiência auditiva de aproximadamente doze semanas, e já são inclusive capazes de discriminar o que gostam de ouvir. A audição, entretanto, está longe de ser madura ao nascimento. Uma das grandes limitações que o bebé encontra diz respeito à insensibilidade a sons de baixa intensidade.

terça-feira, 8 de outubro de 2013

Até que ponto conhece a sua visão?


Reparo que a maioria das pessoas, quando questionada sobre a sua visão, tenta relembrar-se precisamente da informação mais difícil de reter: a graduação que usa.

Eu gosto sempre de relembrar que a graduação, só por si, não determina a visão de cada um. Pois eu posso ter cinco dioptrias de miopia em cada olho e ter uma visão de 10/10 (100%) mas com a mesma graduação e um estrabismo constante do olho esquerdo, posso ver 100% do olho direito e apenas 1/10 (10%) do olho esquerdo.

É importante saber quanto cada olho vê. Com correcção e sem correcção. Porque a percepção que as pessoas têm daquilo que não veêm é -geralmente- inferior à verdadeira dimensão do problema, devido à compensação que é proporcionada pela visão binocular (com os dois olhos abertos).

Também importa perceber que nem sempre os óculos se destinam a melhorar a acuidade visual. Uma criança com um estrabismo acomodativo pode ver 10/10 de cada olho, mas precisa dos óculos para impedir o esforço acomodativo e assim manter os seus olhos direitos.

Se um dos olhos continuar desviado, quer seja ou não perceptível para nós "a olho nu", os olhos deixam, no essencial, de trabalhar em conjunto e a longo prazo, em crianças, o olho desviado perde acuidade visual, que pode não ser recuperada.

Isso é apenas o começo de um processo de reorganização cerebral que irá centrar a visão no olho de melhor acuidade. A visão a três dimensões (estereopsia) é seriamente prejudicada, e com fraca visão estereoscópica a percepção que a criança tem do espaço que ocupa é alterada, a coordenação motora não se desenvolve normalmente (as crianças podem cair com frequência, serem "naturalmente desajeitadas", não gostar de praticar desporto) e a leitura e qualquer actividade que implique esforço visual pode tornar-se um processo verdadeiramente cansativo.

É difícil para um pai ou uma mãe entender e explicar ao seu filho de 2 anos com estrabismo que tem de usar óculos, quando a criança sente que vê perfeitamente ou até "melhor" sem os óculos. Mas ignorar um estrabismo pode trazer sérias consequências e limitações para as crianças.

O estrabismo é a entidade clínica que provoca danos mais profundos na visão funcional das crianças e não se cura facilmente, e quem não esteja dentro do assunto pode ver-se inclinado a pensar que endireitando os olhos, ou deixando a criança crescer o problema desaparece.

A cirurgia (e podem ser necessárias mais do que uma) realinha os olhos, e pode proporcionar uma cura "estética", mas a cura verdadeira (que nem sempre se alcança) é a cura funcional, ou seja, pretende-se que os dois olhos participem na visão e que o resultado da soma do contributo de ambos seja superior à visão individual de cada olho, e isto é algo que raramente encontramos em adultos com estrabismo - a visão "binocular" é mais desconfortável que uma visão monocular e em termos quantitativos a acuidade visual binocular é igual à acuidade do melhor olho ou até inferior.

Um estrabismo verdadeiro não desaparece com o crescimento, por isso não devemos ficar à espera.

Inquérito de Satisfação de Clientes