A nossa Missão

O Gabinete de Prevenção Visual e Reabilitação (gpVr) é especialmente vocacionado para o diagnóstico e reabilitação não-cirúrgica de perturbações da visão binocular e do equilíbrio oculomotor, quer na criança quer no adulto.

Dentro deste grupo encontram-se o estrabismo (desvio dos eixos visuais), as paralisias oculomotoras (primárias ou secundárias), os síndromes restritivos, o nistagmo e demais distúrbios da motilidade ocular, assim como todas as anomalias sensoriais decorrentes (alterações de fixação ou de correspondência sensorial, fenómenos de neutralização e ambliopias).

Em estrabismo, cada caso é um caso, e assim, implementamos programas individualizados de recuperação funcional que, passo a passo, restabeleçam ou reforcem as funções necessárias à união binocular.

Uma condição essencial é a presença de uma acuidade visual semelhante entre os dois olhos, e por essa razão, no gpVr realizamos também exames para correcção refractiva (optometria), prescrevendo óculos e adaptando lentes de contacto quando indispensável ao processo de reabilitação, garantindo assim que o sistema visual não se encontra condicionado em termos refractivos.

No gpVr promovemos o rastreio visual pediátrico logo a partir dos seis meses de idade, trabalhando em parceria com os médicos de família e os médicos pediatras. O rastreio visual pediátrico praticado no gpVr segue as directrizes do Protocolo de Rastreio Oftalmológico Infantil (ROI) da Sociedade Portuguesa de Oftalmologia e é realizado por Ortoptistas.

quinta-feira, 19 de agosto de 2010

Lentes de Contacto - parte I

No início de Agosto colocámos uma pequena sondagem online sobre a possibilidade de utilizar lentes de contacto na praia (ou piscina), visto encontrarmo-nos numa época balnear, que propicia a frequência deste tipo de locais.

Todos aqueles que participaram concordaram que era essencial mergulhar de olhos fechados, e 1/3 dos votantes recomendou o uso de óculos de sol. Ninguém respondeu terminantemente "não".

A todos os que participaram: MUITO OBRIGADO!

Resolvemos então deixar-vos respostas a algumas das questões mais frequentes colocadas pelos nossos pacientes em consulta de contactologia, começando por esclarecer as perguntas que incluímos na sondagem.

1. As lentes de contacto podem ser utilizadas na praia ou na piscina?
2. As lentes de contacto têm protecção UV ou é necessário usar também óculos de sol?
3. O uso de lentes de contacto pode provocar infecções oculares?
4. Como desinfectar correctamente as lentes?
5. Como garantir a limpeza dos estojos?
6. Em caso de emergência, é possível conservar temporariamente as lentes de contacto em água?
7. É seguro comprar lentes de contacto sem receita?
8. Com que regularidade um utilizador de lentes de contacto deve ser acompanhado?


Hoje em dia adquirir lentes de contacto é extremamente fácil, e infelizmente em demasiados casos não é sugerida consulta de adaptação prévia ou qualquer acompanhamento profissional.

Esperamos que a informação aqui publicada seja esclarecedora e útil, para aqueles que já são portadores de lentes e também para os que ponderam utilizar este (excelente) meio de correcção alternativo.

1. As lentes de contacto podem ser utilizadas na praia ou na piscina?
Praia é sinónimo de mar, areia, vento e elevadas temperaturas.
Como é que ficam geralmente os nossos olhos depois de umas horas na praia? Vermelhos, ardentes, quentes. Ou, em outras palavras, desconfortáveis, sensíveis.

Como reagirão, se por cima ainda tiverem umas lentes a fazer efeito tampão e com extrema facilidade em agarrar sal e areia arrastados pelo vento?

Em contacto com a água do mar ou da piscina, as lentes estarão em meio não estéril, aumentando fortemente o risco de ficarem contaminadas.

As lentes de contacto tampouco estão preparadas para resistir à água, seja ela água doméstica (da torneira, que como sabemos, contém naturalmente microrganismos na sua composição), salgada ou tratada com cloro (piscina). Poderão ou não sobreviver a um "teste" desses. Quer mesmo fazer dos seus olhos cobaias?

Existe ainda a questão da desidratação e do vento, dois factores que podem faze-lo "sentir" as suas lentes, muito mais que o habitual; pode e deve contrabalançar estes problemas com a instilação de lágrima artificial ou de conforto sempre que sentir necessidade.

Atenção que a lágrima de conforto, tal como a solução onde habitualmente guardamos as lentes de um dia para o outro, alteram as suas propriedades se forem expostas ao sol ou a elevadas temperaturas... não sujeite o frasco da solução (de 250ml, por exemplo) a este tipo de ambiente, use um kit de viagem, que deve incluir uma garrafinha própria (não transparente) para a solução.

Sugestões: se consegue orientar-se sem as lentes, não arrisque. Leve os óculos na bolsa como SOS e deixe as lentes em casa. Se não consegue mesmo orientar-se sem graduação, para essas circunstâncias compre lentes de contacto diárias.

Se for à água utilize óculos de mergulho e quando estiver fora de água proteja as lentes da areia e do sal com uns óculos de sol. Não queira experimentar ter um grão de areia preso na sua lente.

Obrigatório: levar um estojo desinfectado, com solução de manutenção limpa, pronto a receber as lentes caso precise de as retirar, assim como uns óculos de reserva. Manter o estojo longe do sol.

2. As lentes de contacto têm protecção UV ou é necessário usar também óculos de sol?
Actualmente já existem lentes de contacto que protegem contra os raios UVA e UVB numa proporção bastante aceitável (próxima dos 100%).

Contudo não substituem uns bons óculos de sol, especialmente frequentando ambientes com elementos de elevada reflectividade como neve, mar muito batido ou areia. Não só porque existirão raios que continuarão a entrar no olho oblíquamente, como pelo conforto que uma lente solar proporciona, evitando o habitual fenómeno de deslumbramento que ocorre quando entramos num ambiente muito iluminado e reduzindo os reflexos em dias muito nublados.

O inverso também é verdadeiro, isto é, a utilização de óculos de sol também não garante 100% de protecção - é necessário ter em mente que os raios UV entrarão por qualquer abertura que exista entre a lente e o olho, por isso quanto mais afastada estiver a armação do seu rosto, menor protecção dará.

Os óculos de sol devem ser comprados apenas em estabelecimentos especializados, se quiser assegurar-se que as lentes têm realmente protecção contra os raios UV.

Lentes sem qualidade podem inclusive aumentar a percentagem de raios que entram no olho, e provocar efeitos prismáticos que visualmente serão altamente incómodos, podendo manifestar-se como enxaquecas, cansaço visual ou visão desfocada.

Principalmente em crianças, idosos, pacientes com doenças oculares em que é contra-indicada a exposição solar e indivíduos que praticam desportos de neve ou água, a protecção ideal será a combinação das lentes de contacto com uns óculos de sol bem adaptados ao rosto.

Às crianças é habitual recomendar-se também o uso de chapéu com pala ou aba de diâmetro suficiente, que proteja os olhos.

3. O uso de lentes de contacto pode provocar infecções oculares?
Sim, o porte de lentes de contacto aumenta o risco de desenvolver uma infecção ocular, porque a manipulação palpebral implicada na colocação e extracção das lentes instabiliza e altera a constituição da flora ocular normal.

A superfície do olho, particularmente os bordos das pálpebras e a conjuntiva, pelo seu grau de humidade e temperatura, facilitam a proliferação desses microrganismos.

As vias de contaminação mais frequentes são o manuseamento das lentes e o contacto das mãos e dedos com microrganismos presentes nas pálpebras, estojos, líquidos de manutenção e a água doméstica.

A própria lente de contacto, se mal adaptada, mal manuseada, ou com a sua superfície danificada, por ex., pelas unhas, poderá traumatizar a superfície ocular favorecendo a invasão local por microrganismos.

Assim, a desinfecção correcta e regular das lentes de contacto e dos estojos é essencial, se quiser prevenir infecções oculares.

4. Como desinfectar correctamente as lentes?
Existem soluções específicas para lentes hidrófilas (moles) e soluções para lentes semi-rígidas (RPG). E existem soluções que apenas desinfectam (limpeza), outras que apenas servem para conservar ou enxaguar (salina) e aquelas que cumprem todos esses passos (multi-purpose).

Deve usar um produto adequado às lentes que utiliza e desinfectá-las todos os dias, vertendo algumas gotas de solução sobre a lente e massajá-la entre o dedo polegar e o dedo indicador, promovendo a eliminação de depósitos em ambas as faces da lente.

Após cerca de 30 segundos de massagem, as lentes devem ser depositadas no estojo (previamente desinfectado e com produto limpo) e repousar nessa solução durante a noite.

5. Como garantir a limpeza dos estojos?
Todos os dias os estojos devem ser desinfectados, com a mesma solução de limpeza que utiliza para as lentes, enxaguados em água quente e deixados a secar ao ar, não só para garantir a eliminação de todos os resíduos de água como para evitar que algum pelinho de toalha fique dentro do estojo e adira posteriormente às lentes.

Sugestão: proceder à desinfecção do estojo pelo menos um quarto de hora antes de retirar as lentes, quando estiver seco colocar um pouco de solução de limpeza e introduzir as lentes, entretanto desinfectadas, conforme tópico anterior.

Se utiliza as lentes pelo menos 5 dias por semana, uma vez por semana deve ferver o estojo em água cerca de 10 minutos e deixá-lo secar ao ar.
Mesmo cumprindo regularmente as normas de higiene, deve substituir o estojo sempre que compra nova solução de limpeza (geralmente vem incluído).

Estas soluções depois de abertas duram entre 30 a 60 dias - confirme nas instruções do respectivo fabricante, inclusas no frasco, e não ultrapasse o período recomendado.

Nunca reutilize solução de uns dias para os outros: antes de sair com as suas lentes de contacto, deve substituir a solução e levar o estojo consigo, para o caso de precisar de as retirar.

6. Em caso de emergência, é possível conservar temporariamente as lentes de contacto em água?
Não. Conforme explicado em cima, seja doméstica, engarrafada ou destilada, a água não serve para conservar e muito menos desinfectar lentes de contacto. Não só a lente perderá os produtos que a tornam confortável no olho, como ficará contaminada e poderá perder a sua integridade/forma.

Se estiver em apuros, e precisar de retirar as lentes por motivos de saúde ocular, mas não tiver solução de manutenção à mão, procure uma farmácia ou uma óptica, e se definitivamente não tiver solução onde as imergir, retire as lentes, mas não volte a colocá-las nos olhos. É preferível deitá-las fora.

7. É seguro comprar lentes de contacto sem receita?
Não. Sejam lentes coloridas, com ou sem graduação, procure sempre ajuda junto de um especialista para escolher as lentes mais apropriadas para os seus olhos e compre apenas marcas que tenham sido aprovadas para comercialização, sempre em estabelecimentos especializados.

Esqueça feiras, mercados, e outros locais não especializados que ofereçam esse tipo de produto, pois o seu acondicionamento geralmente é deficiente, pondo em causa a qualidade da lente e podem provir de contrafacção, ficando a dúvida se a lente pode ser utilizada com segurança.

8. Com que regularidade um utilizador de lentes de contacto deve ser acompanhado?
Mesmo que já tenha sido observado antes e seleccionado com um especialista as lentes mais adequadas, não deve prescindir de acompanhamento regular e andar anos a fio utilizando o mesmo tipo de lente.

Isto porque a)a sua graduação pode alterar-se mais depressa do que julga, b)porque é importante verificar se as lentes de contacto estão a ser bem utilizadas e não existem lesões nos olhos e c)também porque a contactologia está em constante evolução, procurando melhores alternativas que vão ao encontro das necessidades dos seus utilizadores.

Tendo em conta que a compra de lentes de contacto representa geralmente um investimento superior, quando comparado com o uso de óculos, justifica-se que, pelo menos, tenha acesso aos avanços que vão surgindo nesta área.

Uma má adaptação ou manuseamento indevido poderão comprometer no futuro o porte de lentes de contacto.

Aconselham-se check-ups de 6 em 6 meses, o que para a grande maioria dos pacientes (utilizadores de lentes de descarte mensal) significa que todas as encomendas de lentes serão precedidas de consulta de contactologia, já que normalmente as lentes vêm em conjuntos de 3 ou 6 unidades.

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